quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Shuffle mode


Pensar em unidade é uma forma de racionalizar e procurar a menor parte inteiriça é o que se faz há muito tempo, seja na ciência ou no pensamento, definindo e rotulando tudo o que se observa. Ser átomo, uno, central, integral, total ou qualquer coisa que remeta à indivisão é o que se busca em alguns momentos, na tentativa de se encontrar sentido.

Mas às vezes procurar essa exatidão pode nos tornar menos humanos e sensíveis, porque talvez o simples feeling seja a diferença entre os julgamentos, ou então situações podem ser resolvidas sem técnica, mas intuição pura, sensibilidade e tipos de inteligência que talvez não tenham sido decifradas ainda.

Em pleno culto ao perfeccionismo das máquinas, o Homem pode se tornar menos humano, porque não há meio termo para elas, não há julgamento irracional, não há o simples chute do que é certo (exceto pelo milagroso shuffle).

Na área da música, por exemplo, percebe-se uma grande diferença de precisão de performance da música popular pela inserção de ferramentas que tornam a música mais mecânica e menos imperfeita. Dizem até que quanto mais precisa, mais se vende. Discordo, mas esses são outros quinhentos.

Fato é que muitas vezes nos prendemos à uma frustração da imperfeição da raça humana, descontando parte do belo por isso. Mas há beleza no que tem defeito e limitação, pois nunca seremos unos e totais, átomos robotizados e sequenciados. Tomara.

2 comentários:

  1. o perfeito é, no mínimo, tedioso.
    talvez venha daí a tendência da arte no ultimo século de se soltar de traços e linhas previamente traçados e repetidos para criar o novo, o bizarro, e evoluir de uma forma singular.

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