terça-feira, 19 de outubro de 2010

De onde vem a inspiração


 Até que ponto o ócio criativo é importante para o processo criativo? Por que existem momentos específicos em que a inspiração vem? Pois tentando entender essas situações em que a luz simplesmente se acende é que percebi o quanto se perde ao deixar de curtir intensamente as sensações.

Uma coisa não impede a outra, mas em plena correria moderna, quanto tempo nos sobra pra curtir nossas sensações? Pouco, com certeza.

Quando a vida está focada no trabalho, quase todas as sensações têm hora pra acontecer, seja no fim de semana ou em eventos específicos em que se rotula como lazer. E quantas vezes deixei de aproveitar porque estava preocupado em tirar o máximo proveito do meu humilde tempo de recreação...

O que quero dizer é que tudo seria mais divertido sem tantas obrigações e tanto tempo doado em prol do capitalismo. Acho que é exatamente isso o que atrai muitos artistas à necessidade de ver o mundo sempre de forma diferente. É mexer todo o tempo com os sentimentos, com as sensações e curtir isso, produzir em cima.

Mas não é preguiça. Quase o é. É uma força que se move quando há interesse, quando existe um prazer inigualável em procurar a melhor maneira de se expressar. É totalmente diferente de criar por encomenda, onde não se pode errar, quase nunca se pode começar do zero, com uma ideia nova.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O novo X o verdadeiro


Com tanto material sendo produzido e divulgado na internet, nos livros e todas as formas de comunicação, fica cada vez mais difícil inovar e não há como negar que  como artista, bate um certo desespero.

Como entender o conceito de vanguarda num mundo volátil que corre a 200 por hora enquanto aprendo a ler o abecedário? Isso não é uma busca por abafar uma frustração, mas de simplesmente buscar a plenitude e consciência necessárias para um voo artístico direcionado e otimizado.

Ok, a improvisação é a alma de quase todas as inovações, mas se não houver certa racionalidade em algum momento do processo, vai ficar difícil evoluir do improviso a uma nova maneira de se produzir.

Quanto às referências, a cada dia aparecem mais e com certeza elas servem de fonte de inspiração de qualquer artista, mas já cansei de fazer o que o mundo contemporâneo faz com elas, simplesmente misturar tudo num caldeirão e transformar tudo em pratos de salada sem verdades implícitas, apenas inovadores no formato, mas não tão de acordo com um sentimento inicial motivador de qualquer obra.

Não resta, acho eu, mais nada a fazer senão apenas viver novas experiências tentando enxergar nelas novas maneiras de se ver o mundo, explicar os mesmos sentimentos com palavras novas, buscando encontrar verdades temporárias e autênticas e não formas novas de juntar partes em um Frankstein.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vazio repentino


Às vezes bate um vazio. Nada triste, nada preocupante, nem devastador. Só o vazio de não ter certos sentimentos, um alguém pra cuidar. Nesse momento bate nostalgia, lembro do passado, relembro os momentos em que me senti simplesmente bobo de amor. Mas nada posso fazer senão esperar uma nova oportunidade em que valha a pena tentar construir.

Tudo parece certo, corre bem, mas todos os dias parecem o mesmo, estáticos, nada especiais, sem tempero, sem graça, sem batimentos cardíacos repentinos e sem uma voadora ansiedade de rever alguém. Desculpa, não é qualquer alguém. É o alguém mais importante que existe naquele momento, em certas situações mais importante até do que eu mesmo.

Mas não reclamo de nada. O encontro ainda não veio, a pessoa ainda não apareceu, mas todo dia o espelho me mostra quem é mais importante e todas as ações do dia giram em torno dessa reflexão. Pronto, falei.