segunda-feira, 11 de julho de 2011

Inércia

Em tempos de calmaria e estabilidade algo mais usual do que se pensa pode acontecer. A sensação é quase de tédio, porque na verdade quando está tudo bem a rotina tende a aparecer. Isso porque não há nenhum tipo de stress ou força externa empurrando para a mudança, a evolução e para o conhecimento. Dizem que esse é o primeiro sinal da maturidade.

Quando a mente não tem urgências cotidianas, ela pensa, ela sofre com seu tamanho, sempre menor do que ela pode ser. É nesse momento que se descobre que é difícil ficar bem mas também é difícil se manter bem, porque no fundo o ser humano pode ser insaciável. O indivíduo é pouco. Aí o mundo é o objetivo. Depois a galáxia... Parece que as ambições não acabam.

Um caminho parece a reinvenção constante, a busca mais profunda em tudo, a relativização do pensamento a cada momento. A cada situação que se passa algo de novo é incorporado a cada indivíduo, suas experiências são registradas de alguma maneira e seu jeito de pensar muda, inclusive a forma de ver o passado também é modificada.

Bem ou mal há uma inércia. Quem está em movimento precisa se manter em movimento, pois só assim se evolui e se evita o tédio causado pela falta de novidade. Quem é inerte não pode deixar de ser curioso, de se sentir criança, de se empolgar com as descobertas. E acredite, há muito o que conhecer.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010


2010. Se tivesse que definir em uma palavra, diria “intenso”. Se por um lado sofri, chorei, perdi, me machuquei (inclusive fisicamente), por outro eu nunca amei tanto, principalmente a mim mesmo. Nunca me explorei tanto, nunca aprendi tanto de mim mesmo. Se por um lado foi o ano em que menos sonhei, foi o ano em que mais coloquei em prática os meus sonhos. Toda vez que me lembro de fragmentos de 2010, me toma conta um sorriso interno que qualquer dentista admiraria. E sei que para que todos esses momentos fossem mágicos muitas pessoas foram essenciais: amigos, amantes, familiares, irmãos. Esse foi o ano em que mais fiz amigos, que mais reafirmei amizades, que mais fiz contatos profissionais. O ano que mais vivi. E o que menos me arrependi. Errei. E muito. Mas cada experiência me tornou mais forte, mais sincero, mais honesto e mais esperto. Aqui fica meu agradecimento a todos que fizeram parte desse ano em minha vida. Que venham muitos outros com um novo frescor e muita novidade, novos voos, novos desafios, novas paisagens, porque 2010 me preparou para muita coisa, pode ter certeza. Espero que as pessoas que caminharam comigo continuem por perto e que novas pessoas se juntem a nós.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

De onde vem a inspiração


 Até que ponto o ócio criativo é importante para o processo criativo? Por que existem momentos específicos em que a inspiração vem? Pois tentando entender essas situações em que a luz simplesmente se acende é que percebi o quanto se perde ao deixar de curtir intensamente as sensações.

Uma coisa não impede a outra, mas em plena correria moderna, quanto tempo nos sobra pra curtir nossas sensações? Pouco, com certeza.

Quando a vida está focada no trabalho, quase todas as sensações têm hora pra acontecer, seja no fim de semana ou em eventos específicos em que se rotula como lazer. E quantas vezes deixei de aproveitar porque estava preocupado em tirar o máximo proveito do meu humilde tempo de recreação...

O que quero dizer é que tudo seria mais divertido sem tantas obrigações e tanto tempo doado em prol do capitalismo. Acho que é exatamente isso o que atrai muitos artistas à necessidade de ver o mundo sempre de forma diferente. É mexer todo o tempo com os sentimentos, com as sensações e curtir isso, produzir em cima.

Mas não é preguiça. Quase o é. É uma força que se move quando há interesse, quando existe um prazer inigualável em procurar a melhor maneira de se expressar. É totalmente diferente de criar por encomenda, onde não se pode errar, quase nunca se pode começar do zero, com uma ideia nova.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O novo X o verdadeiro


Com tanto material sendo produzido e divulgado na internet, nos livros e todas as formas de comunicação, fica cada vez mais difícil inovar e não há como negar que  como artista, bate um certo desespero.

Como entender o conceito de vanguarda num mundo volátil que corre a 200 por hora enquanto aprendo a ler o abecedário? Isso não é uma busca por abafar uma frustração, mas de simplesmente buscar a plenitude e consciência necessárias para um voo artístico direcionado e otimizado.

Ok, a improvisação é a alma de quase todas as inovações, mas se não houver certa racionalidade em algum momento do processo, vai ficar difícil evoluir do improviso a uma nova maneira de se produzir.

Quanto às referências, a cada dia aparecem mais e com certeza elas servem de fonte de inspiração de qualquer artista, mas já cansei de fazer o que o mundo contemporâneo faz com elas, simplesmente misturar tudo num caldeirão e transformar tudo em pratos de salada sem verdades implícitas, apenas inovadores no formato, mas não tão de acordo com um sentimento inicial motivador de qualquer obra.

Não resta, acho eu, mais nada a fazer senão apenas viver novas experiências tentando enxergar nelas novas maneiras de se ver o mundo, explicar os mesmos sentimentos com palavras novas, buscando encontrar verdades temporárias e autênticas e não formas novas de juntar partes em um Frankstein.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vazio repentino


Às vezes bate um vazio. Nada triste, nada preocupante, nem devastador. Só o vazio de não ter certos sentimentos, um alguém pra cuidar. Nesse momento bate nostalgia, lembro do passado, relembro os momentos em que me senti simplesmente bobo de amor. Mas nada posso fazer senão esperar uma nova oportunidade em que valha a pena tentar construir.

Tudo parece certo, corre bem, mas todos os dias parecem o mesmo, estáticos, nada especiais, sem tempero, sem graça, sem batimentos cardíacos repentinos e sem uma voadora ansiedade de rever alguém. Desculpa, não é qualquer alguém. É o alguém mais importante que existe naquele momento, em certas situações mais importante até do que eu mesmo.

Mas não reclamo de nada. O encontro ainda não veio, a pessoa ainda não apareceu, mas todo dia o espelho me mostra quem é mais importante e todas as ações do dia giram em torno dessa reflexão. Pronto, falei.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Shuffle mode


Pensar em unidade é uma forma de racionalizar e procurar a menor parte inteiriça é o que se faz há muito tempo, seja na ciência ou no pensamento, definindo e rotulando tudo o que se observa. Ser átomo, uno, central, integral, total ou qualquer coisa que remeta à indivisão é o que se busca em alguns momentos, na tentativa de se encontrar sentido.

Mas às vezes procurar essa exatidão pode nos tornar menos humanos e sensíveis, porque talvez o simples feeling seja a diferença entre os julgamentos, ou então situações podem ser resolvidas sem técnica, mas intuição pura, sensibilidade e tipos de inteligência que talvez não tenham sido decifradas ainda.

Em pleno culto ao perfeccionismo das máquinas, o Homem pode se tornar menos humano, porque não há meio termo para elas, não há julgamento irracional, não há o simples chute do que é certo (exceto pelo milagroso shuffle).

Na área da música, por exemplo, percebe-se uma grande diferença de precisão de performance da música popular pela inserção de ferramentas que tornam a música mais mecânica e menos imperfeita. Dizem até que quanto mais precisa, mais se vende. Discordo, mas esses são outros quinhentos.

Fato é que muitas vezes nos prendemos à uma frustração da imperfeição da raça humana, descontando parte do belo por isso. Mas há beleza no que tem defeito e limitação, pois nunca seremos unos e totais, átomos robotizados e sequenciados. Tomara.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O poder de cada dia



De acordo com a nossa amiga Wikipedia, “Poder (do latim potere) é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força.”

Pois é, o poder é tudo na hora de se diferenciar das outras pessoas. De acordo com a nossa Constituição nós somos iguais, mas na prática o poder é exatamente o que nos faz únicos e diferentes.

Para quem acha que estou falando de Direito, essa é uma visão limitada. Falo das relações interpessoais, do status social e da capacidade de cada um conseguir o que deseja.

A beleza, a força física, a riqueza, o choro, a retórica, a fama, os contatos e muitas outras coisas são parte de um pacote de poder que cada indivíduo possui. Vejamos uma mulher bonita: se ela souber seduzir ela conseguirá muitos amigos, amantes, alguma riqueza e muitos convites gratuitos... Não importa o fim, o meio nem a moral, mas isso acontece a todo instante.

Mas o importante é que todos, atenção, TODOS têm algum tipo de poder ou potencial para exercê-lo e mais vale encontrar a maneira de lidar com ele e o público ao qual ele será aplicado do que buscar desenvolver um tipo de poder que não se é tão propício.

Funciona quase como um talento para um (ou alguns) tipos de poder, mas se pararmos pra pensar encontraremos o poder nas sutilezas.